sábado, setembro 20, 2008

A fada dos dentes

como era de esperar, não deixou nada para o Daniel naquele dia.

Manhã de Domingo, sou acordada por ele muito triste, com o dente na mão e com uma expressão de desgosto. Bem, pensei eu, agora desenrasca-te, afinal o miúdo tem razão e o facto do dente ter caído ontem ao fim da tarde não é desculpa porque já andava a prometer há uns dias.
- Herrr, se calhar as fadas não trabalham ao Domingo - saíu-me...
e colou, pois ele achou justo que elas tivessem direito a descansar e concordou em esperar até ao outro dia.
Mas cá em casa reina a mania de deixar tudo para a última, e quando à noite ele vai para a cama e pede ao pai o dente para pôr debaixo da almofada, eu arregalo os olhos e insulto-me pelo esquecimento.
Merda, amanhã tenho que inventar mais uma...

Manhã de segunda-feira, e sou novamente acordada pelo Daniel ainda mais triste e desolado, desta vez com o dente embrulhado em película aderente à moda do pai (muito). Olho para o embrulho e faz-se uma luz cá dentro:
- Ó Daniel, claro, como é que querias que a fada visse o dente? Ela deve ter olhado para isso e julgou que era lixo! Logo sou eu que te vou pôr o dente na almofada, está bem?
(Obviamente o pai estava a ser fulminado com o meu olhar, não fosse ele desatar numa gargalhada descontrolada.)
E o míudo, no auge da sua inocência, acreditou e concordou mais uma vez.
Meu rico filho!

Não, não voltei a esquecer-me. Na hora do almoço corri a comprar uma caixinha para o dente e um despertador que ele queria de presente.

Terça-feira fui acordada com uma vóz a sussurrar "Mãe" no meu ouvido. Abri os olhos e lé estava ele, com o embrulho na mão e um sorriso que iluminava o quarto todo.

- Ela veio, Mãe, e trouxe-me uma prenda!

1 comentário:

Fitinha Azul disse...

ai , mãe, mãe....

Beijocas